terça-feira, 18 de março de 2014

Uma introdução



Numa época de whatsapps e facebooks, a gente se conheceu passando bilhetinho um pro outro. Não chegavam a ser bilhetinhos: eram folhas. Páginas e mais páginas de conversas, iniciadas apenas com um "oi". Eu que passei o papel para o lado, para o novato da minha sala, por algum motivo que só pode ter sido iluminação divina. Oi. E ele respondeu: oi.

Continuamos conversando por dias, papel vai e papel vem, até começar de fato a falar um com o outro. A gente se via, sentava um do lado do outro, passava a aula conversando, mas não se falava. Esse esquema não durou muito, e no meio de um assunto muito bom, acabamos prosseguindo pelo intervalo. Falando.

Passamos um tempo delicioso de conversinhas, tentando conhecer um ao outro, conversando um pouco nos intervalos e depois das aulas. Mas não foi muito tempo, acho que não tinha como adiar o que impreterivelmente iria acontecer. Um dia depois da aula ele se ofereceu para me acompanhar a pé até em casa. Nos abraçamos, e nos beijamos.

Achei que fosse morrer: sabe aquela sensação do primeiro beijo, de não saber como faz para respirar, daquele arrepio na nuca, daquele frio na espinha. Apesar do comparação meio ridícula (o que não é ridículo no amor?), parece que saiu um relâmpago de dentro da gente naquele primeiro beijo. E no segundo. E agora, nesse exato segundo, 8 anos depois, que eu estou escrevendo sobre isso, aquela centelha aparece, lá na coluna, tentando lembrar de como era beijar Marcelo Bernardo pela primeira vez na vida.

Já tivemos milhões de beijos, já viajamos, já fizemos coisas muito mais incríveis do que estar no portão do meu prédio beijando. Pelo amor de Deus, eu fui pedida em casamento! Com a aliança da minha avó! À luz de velas! Mas nada, em todos esses anos, se compara à sensação de ter dado aquele primeiro beijo. Porque se demos cinco beijos hoje, ou vinte, ou nenhum, a relação já é tão íntima que o gesto virou tão banal quanto estalar os dedos.

Mas e se a gente estiver se privando? E se eu olhar para MB hoje, e diferente de todas as noites desde aquele primeiro beijo, eu não o beijar? Esse tempo consciente da existência, do corpo, do desejo, do querer e não poder. Até que de repente bate aquele clima, e ninguém consegue se agüentar longe um do outro.

E é por isso que, depois de oito anos, hoje não beijarei Marcelo Bernardo.

Mal posso esperar.

5 comentários:

  1. Eu adoro essa história de vocês, já disse, né? Roteiro de filme querido e tudo mais.
    Com esse novo projeto, vai ficar com ainda mais carinha de história de cinema!
    Ansiosa pelos próximos dias! <3

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  2. AMEI essa ideia, já sou talifã, amo absolutamente a história de vocês e arrepiei com esse texto! Esse final então.... ANSIOSINE pelos próximos capítulos!

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  3. Acompanhei desde o início essa linda história de amor de vcs dois, se existe almas gêmeas com certeza vocês são, amo muito vcs e espero muitas felicidades e muito amor pra vcs mais e mais.

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  4. Aiiiii, super lembro, hein!? Estive por trás desses bastidores.. ;P Como era bom esse tempo, né!? Ah, se eu soubesse... :/ Pena não estar mais nesses bastidores.

    Felicidades, casal! Vocês merecem, muito!

    PS: vou acompanhar esses dias de romance! ;*

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  5. Gosto muito da história de vocês e gosto principalmente o jeito como vocês contam a história, a maneira como você usa as palavras faz o leitor se sentir dentro da história e imaginar cada movimento de você .... E o mion (MB) o melhor professor que alguém pode ter <3

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